A Garganta da Serpente

Poeta dos Acordes

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Plantão do último sonho

Um dia ainda ouviremos no noticiário...

Que o crime mais hediondo
Nos últimos seis meses
Foi um beijo
Que o namorado
Roubou da namorada
Matando de amores a coitada!

Que a violência mais comum nos últimos meses
Em nosso cotidiano
São os abraços apertados
E os beijos sufocantes, asfixiantes
Nos quais os apaixonados
Se submetem

Que a pior tragédia ocorrida nas últimas semanas
foram as balas de caramelo perdidas
E devoradas pelas crianças
Que não almoçaram por causa destas guloseimas

Que estourou uma guerra de papéis, confetes e serpentinas
No meio da rua
Tornando a alegria e o riso
Caóticos e incontroláveis

Que uma nova epidemia incurável ataca a população:
A gripe, a febre, a pandemia da alegria

Que uma nova greve de tristeza e solidão
já dura toda uma eternidade
e jamais acabará!

Que um incêndio de felicidade
tomou conta da rua, do bairro,
do quarteirão, da cidade
do país e do mundo inteiro

Que a fome e a miséria foram assassinadas
pela justiça e sua cúmplice: a igualdade social
e que através de um hábeas corpus do coração
o advogado amor
libertá-las conseguiu.

Enquanto todos dormem
Os poetas preparam
O despertar
Notícias como estas
Fazem a alma
Suspirar
Ai! Ai!


(Poeta dos Acordes)


voltar última atualização: 14/10/2006
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