DOIS "SONETOS"
Vivo nesta passagem agônica
A respirar defuntos decompostos
Que os terríveis seres saprófitos
Amaram de forma antagônica
Produto dum DNA malfeito
Vivo posto na fraqueza orgânica
Que me fere o rosto e o peito
- Podre fruto desta fusão gâmica
Não haverei de completar o ciclo...
Nem de fundir o meu ser da descendência
Com o seu e pra gerar tamanha demência
Sem mais nada pra contar nesse soneto
E já se findando este último terceto
Não digo nada pra rimar com ciclo.
Abominável criatura, jaula do ódio
Juiz que só sentencia à amiga morte
Tantas vezes caído no vício do ópio
Corpo sangrento como um corte
Fusionismo trágico do sul ao norte
Que amadureceu para a derrota
Toda malícia que esse ser comporta
Não há de se acabar até a morte
Que poeta louco a se descrever
Usa esse artifício: o maldizer
E espera dos outros compreensão?
Não me esqueci de dizer que tenho sido:
Um triste espermatozóide crescido
Esse sou eu, vocês, quem são?
(Poeta Louco)
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