A Garganta da Serpente

Rachel dos Santos Dias

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O NOSSO AMOR SOFRIDO

A ti eu venho dar minha tristeza,
Meu desespero, minha dor, meu pranto,
Todos os meus ais, todo o desencanto,
Toda a angústia desta atroz certeza

De que nós dois devemos separar-nos,
De que na vida, embora apaixonados,
Não há lugar para nós. E destinados
Ao desencanto, se assim continuarmos,

É nosso fado, nossa desventura.
Sei que teremos sempre a amargura
De não podermos, livres, cultivarmos

O doce afeto que nos une agora.
E separados pela vida afora,
Continuaremos sempre a amar-nos...

(1969)


(Rachel dos Santos Dias)


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