PARA UM AMOR PARTIDO
Há uma linha da vida em minha mão
e de repente ela se biparte
num cruzamento.
Deve ter sido esse momento
em que tornei a sentir a dor do parto
nas entranhas do meu coração.
Não dei, porém, à luz alguém,
antes sim, pari um amor desfeito
e me sangrei, gritando,
no meu jeito de sentir,
como não sentiu ninguém.
E chorei e me contorci de dor
e de angústia, como num aborto
em que morre a alegria no ser morto,
morto esse encanto que foi o nosso amor.
Estou de resguardo na minha angústia,
alquebrada, doente de paixão,
as penas do amor a me machucar.
Há uma linha da vida em minha mão,
que faço eu deste parido coração?
(Rachel dos Santos Dias)
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