A Garganta da Serpente

Rachel dos Santos Dias

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A CHUVA

- Tamborila a chuva na janela
e me lembro que também tu gostas dela.

Hoje ela cai criadeira
molhando a terra inteira,
devagar, devagarzinho,
sem bulha ou redemoinho.

Bate como um piano
monótono, sonolento
em "canção de uma nota só".
Pingo a pingo, pingando
sem pressa, quase parando
conforme a leva o vento.

Chuva tímida, recatada,
chuva sem trovoada,
sem sustos, sem enxurrada.
Chuva de Primavera
que cria, floresce, nasce...
Tomara que nunca passe...

Chuva que me acalenta
às tantas da madrugada.
Chuva que chove versos.
Chuva boa, abençoada.
Lá fora ela vai parando,
cá dentro vou dormitando
Pela chuva embalada...


(Rachel dos Santos Dias)


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