A Garganta da Serpente

Rafa Silvestre

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Poeirinha

Poeirinha, bem fraquinha entrou nos meus olhos
Me fez negro o mundo naquele instante, pisquei
Em várias tomadas quis escapar aos puros círculos
Nem precisava muito, a poeirinha se espalhou

Foi-se tão profundo, donde jamais fui buscar
Viajante, um estalo sem cor, roubou-me a virtude
O piscar correu alucinante, rapidinho, mas perdeu
Poeirinha em alto foco, ocular visão de momentos

Satisfiz o teu desejo, rabisco solar cortou a imagem
Por se fazer normal, o cisco rompeu os sonhos, a lua
Poeirinha que trocou de cor, trocou de pele, de alma
Viajou por tudo, nem se importando em dizer não.

Nascedouro de vida, instante supremo do olhar, amar
Do dizer, que me fiz sozinho, lhe faz carinho, sem dor
Poeirinha vivida, que voou para mais longe, mais adentro
Neste horizonte sem sol, de noite, tudo é luar, olhos fechados.

Poeirinha ainda viveu em calor profundo, mas se rompeu
Treinara isso antes mesmo de se fazer ator, atriz, aprendiz
Nunca se esqueceu de que eu fiz, ao abrir os olhos, cegos
Lisos, lágrimas chegaram e a poeirinha escorreu na luz e se foi.


(Rafa Silvestre)


voltar última atualização: 10/05/2007
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