A Garganta da Serpente

Rafa Silvestre

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Em uma tarde de julho

Aquelas flores mais bonitas que a gente colhe muitas vezes acabam por florescer em outros campos. Mas a gente acaba por semear outras lindas rosas para que um dia elas se encontrem no vasto e harmonioso campo do coração.
Ao entardecer, os pássaros cantam os acodes esquecidos durante o dia. Eles enchem seus pulmões e brincam em um ar poluído de quem é o mais belo. A gente daqui, da carceragem serviçal, rimos com as esperanças alçadas no subconsciente.
O anoitecer demonstra a calmaria de um dia só nosso. Um momento mágico para a reflexão e ousadia. O poder de falar é sentido no abstrato calor de um amor, mas o silêncio se cria em momentos de desilusão, transparecendo um inadequado caminho a ser seguido.
E é dentro dessa noite que sempre chega o maior sentido das vidas. A solidão provocada por angústias que aqueles pássaros nem sentiram fazem da atmosfera do momento algo ruim, de cortar o coração. Quando, sem querer, a gente expressa amor para sanar uma situação ruim, as rosas que plantamos nos corações esquecem das formas sentimentais de quem as colheram.
Imaginar saídas num ralo e extenso modo de modificar a realidade não adianta, quando os campos do coração não mais produzem rosas. A ventilada ardência do coração mantém um ar sóbrio de ingratidão nos momentos sólidos.
Nunca viram tantas rosas aqueles pássaros. Sentiram-se sufocados com o clamor de raiva. Naquela tarde, escorregaram por entre as estrelas longes e morreram na esperança, que a Lua não criou!!!
O aspecto mais importante das rosas e dos pássaros são as carências de coração. Um coração repleto de amizade constante, de algum significado das estrelas, da ambição de fazer cantos por algum amor sensível.


(Rafa Silvestre)


voltar última atualização: 10/05/2007
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