Em uma tarde de julho
Aquelas flores mais bonitas que a gente colhe muitas vezes acabam por florescer
em outros campos. Mas a gente acaba por semear outras lindas rosas para que
um dia elas se encontrem no vasto e harmonioso campo do coração.
Ao entardecer, os pássaros cantam os acodes esquecidos durante o dia.
Eles enchem seus pulmões e brincam em um ar poluído de quem é
o mais belo. A gente daqui, da carceragem serviçal, rimos com as esperanças
alçadas no subconsciente.
O anoitecer demonstra a calmaria de um dia só nosso. Um momento mágico
para a reflexão e ousadia. O poder de falar é sentido no abstrato
calor de um amor, mas o silêncio se cria em momentos de desilusão,
transparecendo um inadequado caminho a ser seguido.
E é dentro dessa noite que sempre chega o maior sentido das vidas. A
solidão provocada por angústias que aqueles pássaros nem
sentiram fazem da atmosfera do momento algo ruim, de cortar o coração.
Quando, sem querer, a gente expressa amor para sanar uma situação
ruim, as rosas que plantamos nos corações esquecem das formas
sentimentais de quem as colheram.
Imaginar saídas num ralo e extenso modo de modificar a realidade não
adianta, quando os campos do coração não mais produzem
rosas. A ventilada ardência do coração mantém um
ar sóbrio de ingratidão nos momentos sólidos.
Nunca viram tantas rosas aqueles pássaros. Sentiram-se sufocados com
o clamor de raiva. Naquela tarde, escorregaram por entre as estrelas longes
e morreram na esperança, que a Lua não criou!!!
O aspecto mais importante das rosas e dos pássaros são as carências
de coração. Um coração repleto de amizade constante,
de algum significado das estrelas, da ambição de fazer cantos
por algum amor sensível.
(Rafa Silvestre)
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