A Garganta da Serpente

Raul de Leoni

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Felicidade

Sombra do nosso Sonho ousado e vão!
De infinitas imagens irradias
E, na dança da tua projeção,
Quanto mais cresces, mais te distancias...
A Alma te vê à luz da posição
Em que fica entre as coisas e entre os dias:
És sombra e, refletindo-te, varias,
Como todas as sombras, pelo chão...
O Homem não te atingiu na vida instável
Porque te embaraçou na filigrana
De um ideal metafísico e divino;
E te busca na selva impraticável,
Ó Bela Adormecida da alma humana!
Trevo de quatro folhas do Destino!...

Basta saberes que és feliz, e então
Já o serás na verdade muito menos:
Na árvore amarga da Meditação,
A sombra é triste e os frutos têm venenos.
Se és feliz e o não sabes, tens na mão
O maior bem entre os mais bens terrenos
E chegaste à suprema aspiração,
Que deslumbra os filósofos serenos.
Felicidade... Sombra que só vejo,
Longe do Pensamento e do Desejo,
Surdinando harmonias e sorrindo,
Nessa tranqüilidade distraída,
Que as almas simples sentem pela Vida,
Sem mesmo perceber que estão sentindo...


(Raul de Leoni)


voltar última atualização: 25/07/2005
13449 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente