Verde, EsperançaA impetuosa alegria da terra, à passagem de Flora, a primavera verde, compromisso maternal do outono e da opulência. Náufragos no mar. Sem pão, sem rumo. Em roda, o gume afiado do horizonte, a reverberação do sol nas águas e o silêncio solene da calmaria. A vela do barco, flácida, pendente - imagem do abatimento. Ligeira viração depois; denso nevoeiro... quatro dias! sudário de brumas que envolve o barco, elimina o céu. Vão acabar assim, amortalhados na bruma. Um ramo, apenas, sobre as águas, um ramo cor da esperança. Salvos! Adivinha-se o continente salvador através da névoa e o panorama verde das florestas. (Poemas em prosa do livro "As Canções Sem Metro") (Raul Pompéia) |