A Garganta da Serpente

Regina Vilarinhos

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Estamos correndo risco

Corremos risco do planeta estufar, do gelo derreter, risco de querer chorar, de bala encontrar.
Corremos o risco de não mais morar onde queremos morar.
Da cratera abrir e no buraco tudo sumir.
Corremos risco de chegar antes e ser tarde, mas também de ser na hora.
De escorregar e cair e achar graça. Ser peixe, saber nadar.
De arar, semear e a árvore crescer.
Corremos o risco do leite não derramar, do arroz não salgar.
Risco de não queimar a carne, do bolo não solar.
Estamos correndo risco de estudar a teoria e na prática ela dar certo.
Defender a monografia, enfrentar a argüição e tirar 10.
Do corte doer e depois a mãe beijar.
De sermos memória e das boas.
Risco de terminar tudo, tinha que ser feito.
De encontrar mais um e, finalmente, ser perfeito.
Corremos o risco do segredo ser revelado, do Buda estar reencarnado.
De acharmos o caminho, mesmo sonhando acordado.
Dizer não e ele ser aceito e de dizer sim, o mais verdadeiro.
Corremos o risco de sabermos do nosso valor e ele ser alto.
Doloridamente. Totalmente. Felizmente!


(Regina Vilarinhos)


voltar última atualização: 15/05/2007
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