MENDIGA
Ela quer a minha vida
porque a dela já era.
Nas minhas pegadas
ela desespera.
Ela segue meus passos,
recolhe meus cacos.
Seu sorriso é sem vida;
seus olhos, opacos.
Mendiga, barata,
ela vive de restos.
Mendiga, migalha,
esmola e dejetos.
Ela quer meu passado,
o seu é perdido.
Sua vida já era
sem nunca ter sido.
(Régis Naquet)
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