A Garganta da Serpente

Renan Barbosa

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O REVERSO DO VERSO

(discretamente inspirado na poética de Manoel de Barros)

Não creio que já
Não saiba tudo
Agora que habito
Um céu sem muros
E sem espelhos.
Mas não persigo
A verdade
E a mentira
Se despregou
Da minha pele
Deixando-me só,
E oco.
Minha voz apenas
Vez em quando
Ecoa as canções
Escondidas por
Trás da dor,
Escondida atrás
Do sorriso.
Já nem sei
Do que rio.
Findaram-se
As crenças.
Árida metamorfose
Engendra-se dos
Meus dedos
Da boca escorre
Um caudaloso
Fio de pedras
Arrasto-me com
A languidez de um réptil
Atado à fibra
Dos martírios.
Beija-me a face
O pó do silêncio
Deixando na
Lágrima não nascida
Pegadas de sangue
Que confundem
O olhar e entristecem
As miragens.
Construo o reverso
Dos versos alheios.


(Renan Barbosa)


voltar última atualização: 25/03/2004
6239 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente