A Garganta da Serpente

Ricardo Santos

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Madrugada

O trem assovia
Ao longe.
O sabiá
Chora solitário.
À noite escura
É soberana.
Nas ruas, o
Motor ronca.
Acenam
Outros pássaros.
Nos apartamentos
Luzes piscam.
Tem gente,
Que trabalha,
Que acorda,
Que dorme.
Na madrugada
A escuridão
É absoluta.
Em meio ao barulho,
A pequena
Garrincha murmura.
No zoo,
Leões espreitam.
Preguiças esmaecem.
Ouço tudo:
Late
O cãozinho.
Roufenha
O trovão.
Travestidos
Dominam ruas.
Policiais
Passeiam felizes.
É madrugada:
Olhos atentos.
Ouvidos pululam.
Letras falam.
Árvores balançam.
Frio glacial.
Vem dia.
Vai-te tristeza
Vem alegria.
Vivam as tartarugas
Velhas, feias.
É dia!


(Ricardo Santos)


voltar última atualização: 19/04/2011
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