| VIDA BANDIDA (Releitura de poema de Casimiro de Abreu) Ah! Que angústia que trago,Da aurora da minha vida;
 Da minha infância perdida,
 Que os anos não refazem jamais!
 Que fome, que medo, que dores,
 Naquelas tardes famintas,
 À sombra dos toldos nas ruas,
 Debaixo dos malditos sinais!
  Como são tristes os diasDo despontar da subexistência!
 Respira a alma muita cola,
 Como perfumes a flor.
 O mar é miragem suprema;
 O céu ,um ponto de fuga.
 O mundo, um sonho assombrado;
 A vida, um hino de dor.
 
 Que aurora, que vida bandida!Que noites de melancolia,
 Naquela vivência maldita,
 Naquele constante penar!
 O céu, bordado de balas,
 A terra, com aroma de morte;
 As ondas, subindo a favela,
 E a lua para as miras ajudar!
  Ah! Dias de minha infância!Ah! Meu céu infernal!
 Que maldita a vida não era,
 Nessa medonha manhã!
 Em vez do ódio de agora,
 Eu tinha nessas torturas,
 De minha mãe a bravura,
 E o consolo de minha irmã!
 
 (Rita Velosa) |