A Garganta da Serpente

Roberta Policarpo Barreto

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Autópsia

Ó Benquisto! Quem sois?
Ou és...
Prurido.

Outrora o crepúsculo sorriu
- pequena ânsia vomitada
No tapete de cetim.

Ó Filisteu! Por onde andas, aonde vais?

Ó Caminho! Ó Ventura! Ó Mágoa!

Por hora, apenas uma boca.
Já pensaste em dizer sim?

Ó vida!
Amargurada
Jazigo da noite.
Cadafalso?
Bolor nos recônditos
O grande mal dos aposentos.

Quem?

Esperando, boba
A cor...
Do nada.

Maldita crença
Irmandade?
Jaz aqui.

Fértil
Rosa, rubra, amanhã
Pálida
Idéias, rebento
Angústia de sucumbir
Flores.
Enterro as persuasões.
Canta o silêncio

Gueixa dos fantasmas
Meretriz?
Só dos detentos
Eternos defensores de nada.
Rebelião:
Puxa, mexe, vibra
Bifurca
A náusea
Chora e não morde
Excede as sombras
E não há tonalidade que diga
Quem está aí?
Esbelta dor esperançosa
Viço da mortandade
Imaculada!

Retardo fatal veneno
Urticante, fábrica
Indo, não sendo, senhora

Carinhosa, fetiche, mito
Ninguém vê
Sente o ventre, a carne
Apalpa.
Esgota o suor

Roxa, translúcida, incolor
Ainda pulsa...
Vermífuga.

(13 de julho de 2001)


(Roberta Policarpo Barreto)


voltar última atualização: 28/10/2001
5890 visitas desde 01/07/2005

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente