Autópsia
Ó Benquisto! Quem sois?
Ou és...
Prurido.
Outrora o crepúsculo sorriu
- pequena ânsia vomitada
No tapete de cetim.
Ó Filisteu! Por onde andas, aonde vais?
Ó Caminho! Ó Ventura! Ó Mágoa!
Por hora, apenas uma boca.
Já pensaste em dizer sim?
Ó vida!
Amargurada
Jazigo da noite.
Cadafalso?
Bolor nos recônditos
O grande mal dos aposentos.
Quem?
Esperando, boba
A cor...
Do nada.
Maldita crença
Irmandade?
Jaz aqui.
Fértil
Rosa, rubra, amanhã
Pálida
Idéias, rebento
Angústia de sucumbir
Flores.
Enterro as persuasões.
Canta o silêncio
Gueixa dos fantasmas
Meretriz?
Só dos detentos
Eternos defensores de nada.
Rebelião:
Puxa, mexe, vibra
Bifurca
A náusea
Chora e não morde
Excede as sombras
E não há tonalidade que diga
Quem está aí?
Esbelta dor esperançosa
Viço da mortandade
Imaculada!
Retardo fatal veneno
Urticante, fábrica
Indo, não sendo, senhora
Carinhosa, fetiche, mito
Ninguém vê
Sente o ventre, a carne
Apalpa.
Esgota o suor
Roxa, translúcida, incolor
Ainda pulsa...
Vermífuga.
(13 de julho de 2001)
(Roberta Policarpo Barreto)
|