A Garganta da Serpente

Roberta Policarpo Barreto

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Amor Platônico

Desamparada em leito de neblinas
- Curvas lúcidas, agonizantes -
Clama por uma fonte esgotável

Destrói o furor à temperatura.
Fluidos coagulados

Ingratos inchaços imploram por almas.
Dolorosamente, o fogo corrói.
Não às seqüelas.

A cor derradeira suja desertos
Vibram pedaço de carne, punhado de sangue
Fome insaciável queima as entranhas
Despeja, nas mãos, violência.

Amassam, pulverizam
Assassinas, desesperadas
Degolam, insatisfeitas
Ardem, querem consumir...
Os restos mortais.

Entope cada fenda
Desaba
Amante da fusão
Chupa o recanto entorpecido

Ainda escorre
Estupra, rouba
Mas não consegue tirá-la da dormência
- cadáver, pela morte anestesiada

(13 de julho de 2001)


(Roberta Policarpo Barreto)


voltar última atualização: 28/10/2001
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