A Garganta da Serpente

Roberto Pires Silveira

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Saci Pererê

A saudade é entrar num poço
sem lhe conhecer o fundo.
Olha-se e se vê apenas
toda a escuridão do mundo.
E vai-se sem se saber
para onde se vai indo...

A gente olha e não vê,
por muito que olhe ao longe.
Porque o que se quer ver,
esconde-se. E oculto, foge.
De olhos abertos, fixos,
apenas o escuro vige...

Faz-se perguntas, sabendo
não se saber o porque
da sensação dolorida
do vazio de você.
Feito me faltasse algo,
como um Saci Pererê...

segue-se andando em volta
de sem fim círculo eterno.
Não mais brilha a luz do sol,
no verão, frio de inverno,
faz-se de repente amargo
o sentimento antes terno...

Porque a saudade é um nada
preenchendo o antes tudo.
A voz com que eu te chamo
ressoa em ouvido surdo,
como se nada mais houvesse,
só tristeza, nesse mundo.

A saudade é implacável,
e não concede quartel,
não amacia jamais
um acre travo de fel.
Nos dá a vida no inferno,
após instantes no céu.

(fevereiro de 2003)


(Roberto Pires Silveira)


voltar última atualização: 10/07/2003
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