invisibilidade
Crescer entre pisos de cimento e mármore.
Apoiar-se em pedras artificiais.
Não ter a luz do sol, nem a escuridão da noite.
Estar em meio ao burburinho
incessante do consumo desenfreado.
Jamais ver um passarinho,
não ser apoio para ninhos e cantorias.
Não sentir o frescor da chuva revigorante,
nem a aridez do seco setembro,
desconhecer as agruras do inverno.
Jazer entre companheiras, em espaços regulares,
inexistentes na natureza.
Jamais ser notada por alguém,
perder-se sem poder lutar.
Como são tristes as árvores
plantadas nos corredores
dos shoppings centers...
(maio de 2003)
(Roberto Pires Silveira)
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