A Garganta da Serpente

Robson Alex Fiorin

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Calos calados

Calos na mão.
O suor correndo pelo rosto, sofrido.
Um animal com fome, banido.
Sociedade injusta, impune.
Que maltrata os pobres, sem escudo.
Um força tamanha, um sorriso triste.
A alma lavada, um amor que não existe.
Os meus calos das mãos, seu arroz com feijão.
Minha dor, seu prazer.
Sua carne assada, eu na carvoaria, todo preto de pó de carvão.
Seu prazer? meu perdão!
Sofrimento meu.
Sou pobre, índio, negro, mulher,
Um som carregado pelo vento
Meu grito, descontentamento,
não invento.
Sou pobre, índio, negro, homem,
Um som carregado pelas águas
Meu grito, meu sofrimento.
Um lamento humano
Roubaram meu h
Virei umano,
Roubaram minha dignidade,
Roubaram meu h de umano, homem
Roubaram minha solidez
Sou água suja chorada, eu não sou assim.
Sou humano
Tenho Rim
As mesmas ventas, que tens, tenho.
A cefálica dor. Também tenho.
Minha unha encravada,
O seu alento, tormento.
O fator pobreza, minha injusta injustiça,
A tua beleza...
E eu sei e digo, como digo não sei.
minha fome atormenta, meu calo dói...


(Robson Alex Fiorin)


voltar última atualização: 19/09/2002
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