Ela me fita com seus olhos desiguais e eu alcanço um vislumbre do mistério.
Ela me toca, com mãos que emanam calor, e eu me pergunto até onde
vai a profundidade desse contato.
Ela me fala através de enigmas, volteios elegantes e ziguezagues, tentando
não revelar nada de si para si mesma.
Ela descansa a cabeça no meu peito e me pede para estar ao seu lado quando
a dor a alcançar.
Eu digo: "Eu te amo", e minto: "Sempre estarei com você
quando precisar".
Eu a toco, ternamente, com a lembrança dos breves momentos em que sua
boca uniu-se a minha, e aguardo enquanto ela se dissipa como um sonho ao amanhecer.
(Rodrigo Emanoel Fernandes)
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