A Garganta da Serpente

Rogério dos Santos Coruripe

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Os Hojes

O destino
Do dia de hoje
É morrer
No alvorecer
Do amanhã.
Todo dia
Existe o hoje,
Com um amanhã
Que o findará.
Mas o ontem...
Esse personagem esquecido,
Banido muitas vezes,
Retorna a cena
Sem nunca dela
Ter saído.
Trazendo nas mãos
O registro
Das direções,
A memória
Do destino traçado.
Vejo que poderia
Ser ruivo,
Ser mais magro,
Menos calado,
Ou até me sentir
Menos culpado.
Poderia acreditar
Nos Santos,
E rezar aos prantos
Por dias iguais.
Poderia ter sido pai
E construído meus dias
Para a vida
De meus descendentes.
Poderia ter apenas
Mais uma esplendorosa
Vida simples,
Com raras certezas,
Objetivos concretos,
Algumas realizações discretas
E uma felicidade
Tão vulgar
Quanto preciosa.
Poderia ter sido assim...
Até queria que fosse...
Escolhas...
São elas que auxiliam
O destino a selecionar
Qual hoje deve vingar.
Meus hojes são ervas daninhas
Que floreiam meu jardim.
Não saberia definir
Se são bons ou ruins
Os hojes de meu destino.
Confesso que sinto
Várias dores
E que não gosto
De apreciar
Meu jardim e suas flores.
Mesmo assim,
O sol nasce para você
E para mim.
Mesmo que isso
Não signifique
Coisa alguma.
O céu está escuro
E a chuva é quase certa.
Ao menos posso aguardar
Um hoje chuvoso,
Frio e molhado.
O frio sempre me acolhe,
Aquece
E faz companhia.
É no inverno que a solidão,
Que me acompanha,
Cede lugar
Ao frio,
Nos hojes de meu destino.


(Rogério dos Santos Coruripe)


voltar última atualização: 18/01/2008
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