A Garganta da Serpente

Rogério Siqueira

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Pranto

Sinto muito. Pois choro
Choro pelas perdas e não pelos ganhos
Choro por aqueles que ainda virão
Choro por aqueles que já foram
Só choro

Choro raso e claro como o céu
Choro de criança
Soluçando almas
Lágrimas brandas e puras, tão claras
Límpido olhar
Olheiras. Olhos fundos

Rasga-me o coração com teu choro
Choro dos puros
Choro que não cessa
A boca tremula e as mão suam
Olhos brancos e opacos
Já não vêem nada
Simplesmente nada
O choro já não existe
As lágrimas já não caem
A boca seca e sem gosto
Tudo parece um sonho
Mas, quando caio na realidade,
Já não caio,
Morri.


(Rogério Siqueira)


voltar última atualização: 15/04/2005
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