Mundos
Este continente já não me comporta
O horizonte me aprisiona
numa linha tênue,
que passa entre dois rios,
um corre solitário,
outro deságua na saudade.
O ar desta cidade me sufoca,
e eu estou perdida
entre ruas que imagino
e outras que não conheço.
As vozes nas ruas já não me dizem nada,
não entendo o que dizem, não faço parte.
A vida que segue, e passa por mim,
mas é por trás de meus olhos castanhos que vivo,
Não enxergo mais o bem nestas pessoas,
não sei mais o que há de bom em mim.
E eu estou perdida
numa cidade vazia,
na capital de meus sonhos perdidos
onde se esvaiu meu pensamento,
onde derramei palavras,
levadas pelo vento
para longe de mim.
E eu estou perdida
num pedaço de estrada,
que não liga nossos mundos,
que não leva a nada.
estou em algum lugar,
entre pólos opostos,
que nunca vão se encontrar.
E eu estou em algum lugar
entre a chuva e o pôr-do-sol,
na janela, vendo as lágrimas caírem
lágrimas de chuva que são só minha tormenta
de uma tempestade solitária e cinzenta.
E eu estou em algum lugar
no espaço entre meu coração e o seu
na distância destes quilômetros
que se alongam com os dias,
vivendo num mundo que não é mais meu
e eu sou qualquer sentimento,
escrito entre o plural e o singular.
(.Røså.)
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