A Garganta da Serpente

.Røså.

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Poeira

Na terra vazia de meu peito,
já não há mais lugar.

Há um espaço vago de normas,
não há quem seguir,
não há quem mandar.

Não crio leis, não obedeço,
transgrido a anarquia, abandono a rebeldia,
me descumpro e não me autorizo.

Na terra seca de meu peito,
não há mais vento pra semear, nem tempestade pra colher.

Não há paz que sediar,
não há guerra a declarar.
Os povos em mim já cansados,
não sabem porque lutar,
já não se enfrentam, e calados,
esperam a vida passar.

Não há tormenta em minhas águas,
não há maré pra afogar as mágoas.

Continente solitário que segue,
sem posseiro, sem herdeiro,
tradição que não se segue, terra de ninguém.
Sem história, sem memória, sem glória.
Finda abandonada, no silêncio,
depois descoberta, na ironia do acaso,
ilha deserta, em meu peito calado.


(.Røså.)


voltar última atualização: 19/04/2007
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