Na roda da vida
Era uma vez um ninho:
No cenário?
Taças quebradas, um vaso de porcelana
intacto no chão entre fotografias de ambos rasgadas.
Um bate-boca... foi tanta conversa furada jogada à toa!?!
Os vizinhos, na janela:
- Que bom, nenhum arranhão!
Antes do fechar da porta a última pergunta:
- Com quem ficará o cão?
Como o bizarro nunca tem distância,
ele foi morar não tão longe dali em outro quarteirão.
E nas curvas do destino,
é sabido que um novo amor pode curar outro.
Sempre?
Não se sabe dizer ao certo
Quando um homem não deseja outra mulher tocar
ele não permite qualquer novo toque,
assim como na química
se uma mulher não esquece um homem, nenhum outro lhe atrai.
Nem sempre toda refeição no prato cai bem
o garfo balança e na dança do bate-bate
sem eira, nem beira para na beirada.
Até a água pura, traz um gosto amargo...
(deve ser por causa do desgosto).
É tarde de domingo
uma hora, duas horas,
dez para às cinco, nada de novo na TV
Êta! fim de semana chocho!!!
rádio ligado, numa mesma estação...
um locutor propõe pazes, uma segunda chance
para ex-casais de namorados,
que tal um encontro aberto
em um Parque dos mais conhecidos da cidade?
Júlia desperta.
Vai até lá a pé, ao dobrar a esquina
os olhos ofuscantes de um gato a acompanham,
nos muros verdes
damas-da-noite debruçadas perfumando seu caminho,
no sereno da noite quem sabe as três-marias
lhe trarão sorte!
Chega. Júlia no Parque nas mãos um pacotinho
fazem a festa somente para os pombos.
Roda-gigante gira...
roda... gira... e o carrossel iluminado
colori, os beijos dos enamorados.
Estalos de chumbinho plantados a seco na mosca.
E o alvo de Júlia!?!
- O que estará fazendo aquele Grande 'moleque'...aah! 'safado'...!
Júlia sente falta de André e na falta as lágrimas rolam
e o nó na garganta implora para que Júlia dê as costas ao
pesadelo.
E na saída do Mar de Diversões...
A voz de André...
Abrem-se os braços.
Só o 'Senhor', para saber até quando...
Por que será que corações entrelaçados tem a magia
de bater em um só ritmo?
Depois, que o nosso casalzinho retornou ao ninho,
por lá passaram outros Andrés trazendo de volta o sorriso
para suas respectivas Júlias.
- Ei você!?!
Nunca viram por ai algum casal discutindo?
(Stuttgart, 2002)
(Rosangela Aliberti)
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