A Garganta da Serpente

Roseli Busmair

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SEMPREVIVA

Se eu morrer agora,
neste minuto o que significaria?
Alguns gemidos de dor,
algum estertor da alma,
algum vácuo sombrio?

Quem sabe algumas
lágrimas de pena mortificada
daquela que se foi embora?
Congelou-se e tornou-se imóvel,
aquela que se movia de energia...

E agora ?
Como vão viver sem ela ?
Ela fazia tudo certo,
dirigia nossas vidas,
condensava nossa dor !
Ela se achava imortal
e não sabia que na primeira curva,
a morte lhe sobreviria?

Se eu morrer neste minuto,
ainda só e, sem ninguém por perto,
mesmo assim, será que
encontrarei o caminho certo ?

Será uma escuridão ou um clarão
que sobrevirá à sensação ?
Será uma inóspita e fria fusão sem final?
Clarão de queima de fogos intermitentes,
enquanto se processa a queima dos neurônios?

Sensação de vácuo e queda,
abismo puro, espaço inerte ?
Se eu morrer não contarei
mais estórias de vida
Nem mais serei famosa aos versos
tolos e despropositados...

Se eu morrer, quem sabe editem
até biografia e digam:
- Ela se foi, mas entrou para a estória !

- Que pena ! Era tão jovem e sonhava tanto !

... se eu morrer vai ser de tédio mesmo...

(Dezembro 2004)


(Roseli Busmair)


voltar última atualização: 11/02/2009
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