24 HORAS
Acordar vermelho pelo anúncio do SG Gigante reflectido na janela.
A rua principal estremece pelo calo
a fila na central de camionetas é imensa
igual a tantas outras.
Pontas no chão
são acesas
pelos miúdos da empregada da loja de donuts.
O mendigo sem pernas foi roubado,
tiraram-lhe a prancha de rolamentos.
As sirenes ao fundo
são o zunido vida do velho advogado perneta.
O bar local está cheio,
forasteiros escrevem postais tristes de amor
e desenham gordos camionistas
nos seus diários de viagem.
A última camioneta com destino ao interior parte.
Os putos vêem a revista porno deixada pelo marujo,
o mendigo arranca a tábua do banco
e faz uma nova prancha.
O sol fica encarnado
o bar acende as luzes
a pensão enche-se de sons de prazer comprado
(Santiago Santos)
|