A Garganta da Serpente

Sávio Damato

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De pena em punho

Para escrever poesia
Tome o papel e a pena,
Mergulhe fundo a caneta
No tinteiro do sentimento humano.

Toque com a ponta da pena,
Uma parte do papel
E deixe que a emoção crie forma.
Que o sentimento se cubra de palavras,
Que as palavras se ordenem na gramática
Tomando a casca que precisam.

Deixe a idéia criar vida
Imprimindo vida à folha sem cor.
Que a pena, tocada pelo elixir da vida
Sinta pulsar o coração.
E que a emoção transborde em cores
Tons de poesia.
Para se saber escrever
É preciso saber sentir.

Assim nasce o poeta,
Do sentir a vida
E permitir à pena
O mergulhar em seus sentimentos
Para pintar o que vê.

Ser poeta é pintar
O explodir de almas
Dentro de um peito
Onde só deveria caber uma.

É sentir o sentimento do mundo
Emergir lá do fundo
Onde não mora ninguém.
Onde a filosofia ainda não
Conseguiu alcançar.

Poetizar é também amar
O feio que existe em cada coisa,
E dele saber tirar
O belo que ninguém vê.

Pode dizer maravilhas,
Pode chorar em meio à pena,
Ou simplesmente opinar
Sem com isso nada querer mudar.
Mas muda!

A pena do poeta
Lança grades, grilhões,
Liberta ou faz sofrer.

Se sou poeta,
Minhas mãos
Tem o poder da transformação.
Pois isso é poetizar.

Que ser misterioso é esse
Que vasculha o imo do ser
Sem ali haver recôndito perdido
Que não possa ser encontrado?

A quem pertence esta magia?
À pena, à poesia ou ao poeta?
De uma coisa eu sei:
A poesia é vida
E vive em tudo.
Esperando apenas a mão do poeta
Para lhe dar a forma eterna,
Imorredoura da escultura em versos.


(Sávio Damato)


voltar última atualização: 10/05/2006
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