A Garganta da Serpente

Sávio Damato

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Castelo de Quimeras

De sobre os ponteiros de um relógio
Um castelo de palavras é erguido.
Suas estatuas de pedra e vento
Convidam o visitante atento
A saborear o cheiro do eterno.

Tudo é luz e sombra
Quando se transita
Por esse espaço.
Tudo é tinta, grafite.

Desse labirinto tortuoso
Que me aprisiona e me liberta
Entre virgulas e pontos,
Tento em vão escapar.

Tenho impressão,
Enquanto transito por ali
De ter meu crânio esmagado
Entre as linhas tortas do papel.

Não há regras nesse mundo,
Não há tempo ou espaço.
Tudo que há é o livre devaneio.

O sonhador se faz sonho,
O poeta poesia,
E a poesia...
Estado de alma
Transcendente em si mesmo
Que busca o céu e o inferno
Inerente a todas as coisas.

Dessa aquarela instável
Que por hora transito
Vejo-me deslizar por janelas
Que não fazem entrar ou sair,
Mas apenas conduzem ao inusitado
Da estrada de tijolos desbotados
Que escala rumo ao sem fim.

Nesse infinito espaço
Tudo é presente,
Pois que o tempo ali
É mera ilusão.

(25/08/2005)


(Sávio Damato)


voltar última atualização: 10/05/2006
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