Declaro paráguas
Hoje declaro minha morte.
Morro sem dó nem rancor,
Morro de morte pensada
E de uma conversa marcada
Na falta da prova indolor.
Morro da verdade inventada
E por mim tantas vezes querida;
De uma idéia de juízo tolhida,
Sem pé, nem cabeça, nem nada;
De uma idéia que me enganava.
Não sei se mais mata o engano,
Ou a tolice que antes me consumia.
Se a questão que agora me arrasa
É a certeza da palavra vazia,
Neste momento me quero sensata.
Não procuro mais exatidão.
Quero franqueza comigo mesma;
Sobre o desejo que castiga e mata,
Que diante da morte não cala
Mas no meu pensamento se acaba.
Sei que morrem as idéias
E vão morrendo com os dias
E com elas outros valores;
Valores que outrora queria;
Queria porque calavam amores.
(Silvana Bronze)
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