Filósofo de pedra
Deixo o tolo do momento
Que utiliza como escudo
O mais torto sentimento
Disfarçando seu murmúrio.
Quando pego põe-se mudo.
Deixo a gente tão vulgar,
Que me cobre de pesar,
Caminhando sobre o mundo.
Deus me livre deste mar
Que não quero estar no fundo.
Deixo o sábio adormecido
Mergulhado na vaidade,
Triste busca de Narciso
Que não muda com a idade
Nem diante d'um abismo.
Deixo a bela esmaecida
Que cultua e apetece
Sua carcaça emagrecida.
E entre os tolos oferece
Sua beleza apodrecida.
Disso sempre vale à pena
Discordar sem medo ter:
Que a fortuna é moça má
E não coroa quem com ela
Toda noite vem dançar.
(Silvana Bronze)
|