O ar do mar
Cai a noite cinza de inverno sobre o mar .
De pé sobre as pedras,
Como um farol radiante,
Uma mulher de mármore
Espera por seu amante.
Os olhos fixos no mar.
Há apenas dois sons no ar:
Ondas batem nas pedras
E gaivotas se convidam a dançar.
Da mesma forma
Seu coração a convida a esperar.
Na esperança de que o amante
Não vá se demorar.
Se o cabelo bate ás costas
É porque já começa a ventar.
Se o coração lhe aperta
É porque o tempo começa contar.
O tambor soa e a flauta toca.
Vem a escuridão,
Mas o amante não.
Então os olhos se fecham
Os punhos seram.
E sob o doce som do mar.
Ela deixa sua alma voar.
Voa com as gaivotas
Sob o céu que não é azul.
Voa, voa para lugar nenhum.
E deixa o vento lhe guiar.
Plana leve sobre o mar.
Mas quando se dá conta,
Ainda está parada no mesmo lugar.
A alma gela
E o coração pára
Mas ela continua a esperar,
Na esperança inútil
De que um dia
Ele venha lhe buscar.
(Silvana Bronze)
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