A Garganta da Serpente

Silvia Chueire

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É a ti que monstros ameaçam.
E a mim que atacam.
Tens teu sossego invadido,
Eu, meu paraíso destruído.
Tomas todas as decisões cabíveis,
E eu, admiro e aceito,
Tolero, compreendo,
E choro.

E um dia depois do outro
Me debato inutilmente.
Te quero, e não digo.
Te espero, e nada faço.
(nada pode ser mais contra minha natureza)

Nenhum gesto.
Como se nada houvesse.
Como se eu não gritasse.
Como se a cada momento não faltasse...

Sou a contenção,
E a civilidade.
Nada em exagero,
Nada sem nexo,
Nada que extrapole limites.
(alem dos quais só eu sei).

Nada que escandalize,
Ou chame a atenção para as chamas.
Nada visível.

E enquanto me perco
No desejo sem paradeiro,
Enquanto choro lágrimas
Que não vês,
Enquanto chamo, murmuro,
Meu gemido no escuro,
Fazemos de conta todos
Que era apenas um jogo.

Como se não fossemos pessoas.
Como se não fossem afetos.
Como se não fosse tesão
E minh’alma não estivesse contra o muro
( ah.. o pelotão de fuzilamento...)


(Silvia Chueire)


voltar última atualização: 30/10/2000
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