Gostava às
vezes de ser outra.
Outra mulher a sussurrar sem medo
Gostava de ser uma, assim, calma, paciente.
Que levasse a vida devagar, sem agonia .
Assim, como quem não sente .
Gostava
de ser outra a descansar,
Tranqüila ...
Consciência em paz, sossegada ,
De quem não se atira à vida .
Uma assim que não sofresse,
Não parasse, prá pensar...
Não se arrependesse .
Mas
não . Tenho o espírito
Em constante reboliço .
Sempre perguntando o porque
De tudo isso.
Ora apaixonada,
Ora em desgraça,
Ora alegre,triste,irada.
Danço e brigo,
Vou e volto .
Gostava
bem de ser outra,
Às vezes ...
(A poesia me abandonava ?)
Rio (noite alta), 03/03/2000
(Silvia Chueire)
|