O meu palhaço
Meu coração é um mísero acrobata,
um palhaço sarcástico de arena;
gargalha sempre, de feição serena,
contrafazendo a mágoa que o maltrata.
Enquanto em riso a multidão desata,
as piruetas deste clown em cena,
ninguém descobre, na aparência amena,
a tragédia recôndita que o mata.
Mas eu me vingo deste pouco siso,
ao paradoxo do meu próprio riso,
porque a tragédia deste riso insano,
que me remorde e que a ninguém ausculta,
é irmã gêmea da tragédia oculta
que existe em todo coração humano.
(Silvino Olavo)
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