INCÓGNITO
Mergulha-se o tempo na saudade...
As sombras latem nos muros grafitados.
Cabelos brancos, monotonia, sinceridade...
Ela nos engole com seus braços apaixonados!
Lá na esquina late o cão...
Moribundos açoitam a madrugada
Com uniformes de solidão...
Vômitos e sussurros na calçada!
A noite crua e fria penetra a lua,
Cái o sêmen, a Terra dá a luz!
Iemanjá completamente nua
Pare seu filho em forma de cruz!
A lua rasga-se nos braços da escuridão...
Sangra seus lamentos pelo parto não acontecido.
Seus
orgarmos pairam às margens de Lobão,
Antes a dor que o amor desfalecido!
Canta a ninfa a sua flor vasada...
Estufa o peito e arde em delírios.
Explode a fêmea em ser assim "cantada"...
Doce visão que para os olhos é colírio!
Ainda que a noite a cubra de escarlate,
Ainda que o dia a manche de efemeridade,
Será a gazela que ainda salta
Sobre as "lanças" pontudas da eternidade!
(Silvio de Oliveira Dias)
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