O outro
Começo, não termino.
Não tenho fim... Não há espaço que me comporte.
Ao mesmo tempo, estou presa em uma teia de tradições milenares.
Porém, na escuridão infinita desse espaço,
existe apenas eu e mais alguém estranho,
Que insiste em entrar em mim.
E nisso, acordo, conheço, desconheço e anoiteço.
Tenho gana, tenho ânsia e desejo esse corpo quente,
No entanto, me desconheço de repente.
Sou uma folha bailando no espaço.
Desejo seu braço.
Nego.
Estendo, distendo, contorço, me ouço.
Nego seu olhar torto...
O que não está em mim...
Você é o outro.
(Simone Santana)
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