Cumplicidade
(para Dora Ferreira da Silva, Poeta)
Chamar pássaros
com alpiste de amá-los livres,
procuradores eles serão,
ad judicia,
ad negotia,
pleni,
plenipotenciários,
procuradores meus,
asas livres aos meus azuis.
Eles
me pousam os parapeitos:
uma
sombra,
tem
que haver uma sombra cúmplice:
seja
de aproximar,
seja
de chegar bem perto,
parece
que é.
O que garante o medo
é o gesto das duas mãos,
as duas,
conchadas de pegar
em quase...
a alma do pássaro
não, não:
avoe,
meu bichim,
que
não lhe devo...
A intimidade é sutil,
(dos pássaros)
não só a deles:
é sutil
quando estremece
e pousa.
Sempre.
(Salvador, noite leve, 16.01.96)
(Soares Feitosa)
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