Ao Léu
Procuro-te na escuridão de minh'alma
Busco-te nesse meu âmago tétrico sem calma
Flor bela que me espanca lentamente
Revela, decifra, devora, ainda que doente
Eu quero sempre mais do que posso ser...
Atrevo-me, então, a te excitar pelo papel
Me anteponho para que proves meu doce fel
Tu me abres, eu me fecho; me despes, e eu me visto
Te convido a penetrar no meu abismo
Poema que não sei como escrever...
Atrevo-me ainda a te amar como um animal
Extinto, no cio, sempre irracional
Te convido a participar do meu romance
Sem leitores, dois personagens e uma nuance
Tu és menos do que posso querer...
Felina, hermética, obscura e calada,
Carregada de veleidade revelada
Minha intenção é abrir a tua cicatriz,
Nunca serei iniciada, mestre ou aprendiz
Paralelas não podem se encontrar...
(Sofia Beliatto)
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