A Garganta da Serpente

Sofia Beliatto

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Eterna Antítese

Estou triste porque não posso ver o mar
Nem deitar na areia da praia
Com apenas meus livros e pensamentos
Exatamente só com livros e pensamentos
Não quero sonhos, amigos ou dinheiro
Quero chorar sem poder ser vista
Como se para a solidão não houvesse saída
Chorar tão incansavelmente que seria melhor morrer...

Queria qualquer coisa
Menos estar aqui
Menos pensar em obrigações e ter escrúpulos morais
Menos ter que estudar e trabalhar
Queria ser eu de verdade
Louca, rebelde e infiel
Sim, sim. Infiel, rebelde e louca
Mil vezes infiel e louca!!

Não quero se padrão nem modelo
Nasci mentira e pesadelo
Um animal que não conhece a ética e a prudência
Que nunca ouviu falar no Pessoa
Eu nasci pra ser a toa, pra estar a toa, pra viver a toa

Não tentem fazer de mim um deus
Não nasci para isso
Quero ser capricho, desperdício, sacrifício, suicídio
Não tentem me amar e nem fiquem à minha espera
Nasci assim: uma antítese eterna...


(Sofia Beliatto)


voltar última atualização: 24/01/2008
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