A Garganta da Serpente

Solange Firmino

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FLUXO

"Uma pessoa não entra no mesmo rio duas vezes;
na segunda vez não é o mesmo rio nem a mesma pessoa"
[Heráclito de Éfeso, 500 a.C.]

Os dias se movimentam em procissão contínua
águas de Heráclito nos diferentes rios
relógios nas longas noites siderais
astros e seus atos em danças geométricas

Estrelas se formam a cada instante que
inspiro
respiro
raios de sol tocam seus acordes
nas frestas dos ventos
que copulam nas asas dos pássaros
meu filho sorri no mistério da existência

Silêncio ruído solstício morte nascimento guerra
gira o mundo em ritmo novo
repetição sempre igual...

II

Nasci na entranha antiga do tempo
pertenço às gerações guardadas
no princípio do mundo secreto
Trilho o caminho incógnito
que me leva ao destino que não sei se
é finito ou perene

É certo que não decifro a existência hermética
presa aos movimentos dos equinócios
antes e depois
pulsante vaivém de
ontens
hojes
amanhãs

Pássaro na gaiola,
labirintos me perderam de mim,
quero o fio que Ariadne deu a Teseu.


(Solange Firmino)


voltar última atualização: 14/03/2006
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