A Garganta da Serpente

Stéphen Dédalus

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Versos Perversos I

Corto os pulsos. Pulso por inteiro, pulso anti, pulso antes, pulso agora, pulso falso, pulso verdadeiro. Gotas rubras bailam no ar, rodopiam. Pequenas bailarinas a dançar, pequenas meninas de faces rosadas explodem num cravo sangüíneo a se desmanchar em um caos escarlate de átomos de ferro. Um berro guardado no peito do bezerro plangente e o rio vermelho, face oculta de todos os espelhos, brotam do meu pulsar. Um quase quasar pulsando cósmico, pulsando humano, pulsando engano, humano demasiado humano, último ato, nova era, novo plano. Mesmo engano, profano, cigano, mortal e simiesco, primata, primário, primeiro. Primeiro e único homem a ver a face de Deus, o primeiro homem a se apagar, a se consumir, em cio se tornar, beber seu rio, engolir seu mar.


(Stéphen Dédalus)


voltar última atualização: 09/06/2002
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