PARADOXO DIGITAL
Hoje ninguém mais duvida
Dessa ávida ciência
Evoluída transcendência
Que sentencia essa vida
E o homem hodierno
Paga o preço do equívoco
Rumo ao inevitável
Ser andróide pós-moderno
Mutação involutiva
De urbanóide nova era
Da árvore o símio descera
E ao cosmos ele subira
De uma era novo alento
É da causa seu efeito
Essa mera evidência
É crepúsculo de um tempo
E tão veloz se aproxima
Essa era do silício
E nem temos esquecido
Da rosa de Hiroshima
Tal neurônio elemental
Bem poderia não lograr
Num paradigma reatar
Mantra e tantra ancestral
Paradoxo digital
Sem espaço pra hai-kais
Faz dos chip bit e kbytes
A questão existencial
Nem sambaqui nuclear
Ou holograma rupestre
Ou sarcófago terrestre
Poderiam deletar
Nem do vácuo o cosmos
Nem da vida o lume
Nem da rota o rumo
Nem da terra o húmus
Nem do alvo a mira
Nem do arco a lira
Nem da ira a mágoa
Nem da alma o magma
(Poema vencedor do Concurso Estadual
de Poesia Cidade de Criciúma - 1994)
(Tchello d'Barros)
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