Meu Batel
Era uma busca demenciada,
por atracar em algum porto,
passageira acuada,
mãos atadas e barco louco,
velas rotas timoneiro morto,
bússola com ponteiro torto,
noites abrumadas, fantasmas soltos,
movimentos de mar revolto...
Num repente de amainar ventos,
das brumas se faz claror,
pontos dourados no firmamento,
a indicar a direção,
brisa suave lambe meu rosto,
lava lentamente o desgosto,
suaviza os pensamentos,
uma sementinha esquecida num canto,
eclode meio sem jeito,
duas folhinhas amassadas,
de verdor meio desbotado,
aguardando solo arado,
porto ou uma ilha,
com raios do astro rei aquecer,
para cumprir a sua sina,
em solo firme criar raízes,
crescer e florescer.
(01/08/2003)
(Tekasouza)
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