Náufraga Sobrevivente
Não pergunte quem sou,
De onde venho ou o que me marcou.
Deixa que aos poucos eu desvende
O que ainda é desconhecido.
Trago o timão seguro em minhas mãos
E a esperança que consola e acalenta .
Procuro um ombro amigo numa enseada de calmaria,
Um porto seguro para fincar minha âncora.
Sou assim, a timoneira de mim.
Venho de vagâncias palmilhadas ao sol escaldante
Que abrasa o corpo e suplicia a alma.
Enfrentando borrascas de ondas gigantes
Açoitadas pela ventania.
Vi o mar bramindo furioso vomitar desenganos em meu convés.
Sou náufraga dos tropeços da vida,
Mas sobrevivente por convicção
A tantos finais atormentados.
Chego ao entardecer da maturidade buscando paz
E o aconchego de dois braços para descansar o cansaço
E se possível
Resgatar os naufragados sonhos...
(Tereza Carrera)
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