A Garganta da Serpente

Theresa Russo

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EXISTIRA UM ESPELHO ANTES DO EXISTIR?

Existiu uma mente. Ela se fez. Foi o princípio, o começo e nada antes, talvez um espelho. Talvez um prelúdio do princípio. Mas, Ele, eu não explico. Essa mente sentiu primeiramente a intenção. Daí ela criou o espaço, o vento, a água doce e a salgada, as estrelas e as luas, os planetas e os sonhos dentro dela própria. Descobriu ser um artista, um pintor e um escultor primoroso. Tornou suas formas coloridas, triangulares, esféricas e disformes. Acendeu as luzes e o dia era belo com a estrela maior. O verde cobriu parte do branco, do cinza e do marrom. No entanto um ciclo se estabeleceu pela própria mente e o primeiro entardecer aconteceu. Daí a noite se fez, mas, os pingos dourados descendentes das estrelas acordaram o som da poesia e a mente sentiu a profunda tristeza da solidão. A lágrima se fez... E a mente decidiu criar outra mente através de um espelho antecedente. Essa outra mente, portanto, tinha seus próprios sonhos e o espelho era uma farsa. Loucura da primitiva mente. Mas como ser uma mente se não se estabelecera a loucura interior? Fato de ser ela a própria solidão de fato. Mas aquele espelho era falso e a mente fora criada com a imagem reversa da do criador. Daí as estrelas conheceram os véus e a lua fora negada por muitos dias para a agonia de tantas estrelas que nasciam de tantas outras. A noite negra imperou por dias e outras dores se estabeleceram após a da solidão. Ainda agora estão ardentes as batalhadas travadas por essas inusitadas mentes. Uma a não se perdoar por criar a outra e a outra por não perdoar ter sido acordada.


(Theresa Russo)


voltar última atualização: 12/10/2007
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