Vontade
Às vezes me vem uma vontade
(dessas de não se agüentar)
De morder minh' alma
Mastigá-la de maneira lenta
Engolindo-a,
Pedaço por pedaço,
Esperar pela digestão
(normal desses momentos)
E sair por ai
Sem medo de ficar nu por dentro
Sem passado e sem futuro
Sem claro ou escuro
Começar a me inventar
Como se agora fosse meu começo
Descobrir que o corpo é que é leve
E que a alma pesa
Pelo seu pesado passado
Sem memória, sem marcas, sem rastros e pegadas
Apenas um primeiro passo a construir um novo caminhar
Um começar do nada pro nada
Como se "nada" me empurrasse
E "nada" me segurasse
Às vezes, mas somente às vezes...
Me da essa vontade...
(Thomas Lee)
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