A Garganta da Serpente

Tiago Souza

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Ainda lembro de você

Tenho saudades de quando ficávamos a sós,
em meio aos pós, rolávamos sem parar,
eu nem via a noite chegar, minha vida não precisava de sentido.
E quando apostávamos corrida, você sempre ganhava,
mesmo quando eu te enganava,
você sempre me alcançava, nas noites frias e desertas,
nos enrolávamos nas cobertas e brincávamos no escuro.
Quando chegavas da rua, nem me importava com seu bafo,
e mesmo com pouco espaço, não te deixavas dormir sozinho.
Tu me lambias com carinho, eu te chingava sem motivos.
Fui embora e te deixei desamparado.
Quando me disseram que tu tinhas partido,
logo vi que tinhas se entregado.
Mas não pense que foi minha culpa,
Levaram-me e nem me deram escolha de opinar,
e nem me contaram sobre seu olhar.
Ainda lembro de você, não pense que te esqueci,
teu cabelo era preto, mais macio eu nunca vi.
Sempre me ajudavas com as baratas,
pois teu dom era de virar as latas.
Quando latias tinha estilo, parecia estar cantando,
na época não sabia, mas parecia o Manson tocando.
Cachorro destes não existe, vejo ódio neles só.
Amigo de verdade não encontro mais,
não igual o meu cãozinho Totó.

(Homenagem a um grande pensador, chamado Totó, da família dos vira-latas. É um cãozinho de renome, há quem diga que ele morreu, mas acredito que ele caminha sem destino com a liberdade que seu ex-dono lhe deu. Hoje ele sabe disso, pois ao deixá-lo pra trás deixou a tão desejada liberdade que ele queria. Se alguém vir um cãozinho preto com olhos de liberdade, que na sua fuça mostra alegria, deixe-o ir em paz. Por entre suas tantas andanças com certeza passou por você e você nem viu!)


(Tiago Souza)


voltar última atualização: 07/10/2005
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