A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

APROXIMAÇÃO

Outra vez tu, malvado
a aparecer sem ser chamado
só desejado
por um instante de prazer
Sai num susto pela porta
a gritar que já vem
e a tremer por linhas tortas
partem alguns cristais

És uma aparição temerosa
o fantasma atrás do véu
encobre o próprio destino
Nem o vento frio de inverno
nem a chuvada
nem as pedras a rolarem pelo caminho
te calam os passos
e o arrepio da tua presença
por um murmúrio precedente
chega sem ter ninguém à espera

Outra vez tu malvado, cheio de segredos
cheio de frases surdas e gestos de silêncio
trancados em pequenos quartos desabitados
com as cortinas prestes a cair

Só por esse instante, sem ninguém ver
brilha-nos num brilhozinho nos olhos
o fotograma do teu quase aparecer
quando por princípio tudo se realiza
imediatamente antes de se dizer

Logo se junta depressa imensa audiência
uma plateia inteira de discussão
Mas tu enquanto falas
logo outro te aproximas
e a falar por cima
levas-nos as mãos


(Tim)


voltar última atualização: 18/03/2010
5033 visitas desde 18/03/2010

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente