A Garganta da Serpente

Tina V. Sampedre

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Na Janela

Me aproximo da janela
Chove lá fora
Aquele ventinho com
Cheiro de grama molhada
Faz carinho no meu rosto

Fico observando a rua
Os prédios com as janelas fechadas
Só a minha está aberta
Chove cada vez mais
A água invade o meu quarto
Deveria baixar as persianas
Mas não consigo

Algo me impede

Sinto frio
E nem ligo
Queria que você estivesse aqui comigo

Você me impede

Meus olhos lacrimejam
Uma lágrima desliza no meu rosto
As gotas de chuva formam
Riachinhos entre as pedras da calçada
O lixo jogado no chão se transforma em barquinhos

O ventinho começa a ficar agressivo
Quase derruba as árvores
Elas balançam
Dançam com a chuva
Parecem bêbadas
Coitadinhas

Penso em você novamente
Preciso te ver

Mas você foi embora
E só chove lá fora

Espero você chegar
Mas você nunca voltará
Então resolvi me jogar

Há uns homens na calçada
Meus pezinhos tremem do lado de fora
Queria te ver agora
Mas chegou minha hora
Fui notada por alguns

Faltou luz


(Tina V. Sampedre)


voltar última atualização: 15/02/2008
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