Na Janela
Me aproximo da janela
Chove lá fora
Aquele ventinho com
Cheiro de grama molhada
Faz carinho no meu rosto
Fico observando a rua
Os prédios com as janelas fechadas
Só a minha está aberta
Chove cada vez mais
A água invade o meu quarto
Deveria baixar as persianas
Mas não consigo
Algo me impede
Sinto frio
E nem ligo
Queria que você estivesse aqui comigo
Você me impede
Meus olhos lacrimejam
Uma lágrima desliza no meu rosto
As gotas de chuva formam
Riachinhos entre as pedras da calçada
O lixo jogado no chão se transforma em barquinhos
O ventinho começa a ficar agressivo
Quase derruba as árvores
Elas balançam
Dançam com a chuva
Parecem bêbadas
Coitadinhas
Penso em você novamente
Preciso te ver
Mas você foi embora
E só chove lá fora
Espero você chegar
Mas você nunca voltará
Então resolvi me jogar
Há uns homens na calçada
Meus pezinhos tremem do lado de fora
Queria te ver agora
Mas chegou minha hora
Fui notada por alguns
Faltou luz
(Tina V. Sampedre)
|